Nos últimos anos, o universo cinematográfico, dos quadrinhos, da tv e até da literatura mudou profundamente. Histórias que antes geravam forte identificação somada com a Jornada do Herói e alcançavam bilhões de bilheteria hoje geram fracassos da chamada 'cultura woke'. Mas será que o problema é a representatividade?
Personagens como Bruce Banner (Hulk), Steve Rogers (Capitão América) e Tony Stark (Homem de Ferro) conquistaram multidões não apenas por seus poderes, mas por suas histórias de dor, luta, fraqueza e superação. Eles são imperfeitos, sujeitos a falhas, erros e dúvidas, o que os torna humanos mesmo diante do extraordinário.
Nós não amamos esses personagens apenas pelo poder deles, mas pela história que nos faz sentir 'gente como a gente', como quando o Bruce esteve no Rio de Janeiro isolado por causa dos seus poderes ou quando o Steve perdeu o amor da sua vida por causa dos poderes. Ou até quando o Peter Parker perdeu o seu tio porque 'com grandes poderes vêm grandes responsabilidades'
Essa conexão profunda nasce da identificação: o público vê nessas figuras suas próprias lutas, medos e esperanças. Eles sofrem perdas, enfrentam dilemas morais e pagam o preço de suas escolhas: A jornada do herói que ressoa porque é autêntica.
Por outro lado, muitas das novas narrativas caem na armadilha de substituir essa autenticidade por uma representação que parece focar apenas em atender a uma demanda social ou política, sem o devido desenvolvimento. Quando a diversidade vira uma “checklist” superficial, o público sente falta de humanidade nesses personagens.
A She-Hulk mesmo pulou todas as décadas de preparo e jornada do Barner e em 24 horas conseguiu resistir ao poder graças ao "poder feminino" que nem as mulheres ganharam identificação e ainda venceu de primeira numa luta do o Hulk que somente na segunda parte de ULTIMATO conseguiu sair vitorioso.
A impressão é que alguns heróis ganham poderes, protagonismo ou vitórias não por sua jornada pessoal ou méritos na história, mas simplesmente porque “é a hora certa” para aquela representatividade — o que pode soar forçado e descolado da emoção.
Além das categorias tradicionalmente representadas, é essencial ampliar o espectro para incluir pessoas com deficiências, condições invisíveis, diferentes contextos culturais e sociais, entre outras formas de diversidade que fazem parte do mundo real.
Não basta apenas colocar personagens negros, mulheres ou LGBTQIA+ em destaque, é preciso criar histórias que abracem toda a complexidade e singularidade dessas vidas, sem estereótipos ou narrativas pré-fabricadas. Até porque no fim das contas além de não apostar na jornada das minorias, infelizmente não vemos minorias que não conseguem representar votação partidária suficiente como cadeirantes, pessoas com lábio leporino, crianças autistas, jovens sem uma das pernas, entre outras. Por fim o tal wokismo é muito mais partidário do que social.
Complexidade e profundidade: Personagens que enfrentam dilemas reais, medos, falhas e crescimento autêntico.
Diversidade integrada: Representação que faz sentido dentro da trama, não um elemento separado ou imposto.
Empatia verdadeira: Histórias que promovem conexão emocional e respeito às diferenças.
Evitar estereótipos: Fugir de simplificações e clichês que acabam desumanizando os personagens.
Foco na qualidade: Narrativas bem escritas, com roteiro consistente e personagens cativantes.
A autenticidade da jornada humana, aliada a uma representatividade plural e genuína, é o que faz uma história realmente ressoar com o público. Sem isso, mesmo as intenções mais nobres podem parecer vazias ou forçadas, afastando quem mais importa: os leitores e espectadores.
A partir desse equilíbrio, a indústria das histórias em quadrinhos, cinema e TV pode criar personagens que não só refletem a diversidade do mundo real, mas que emocionam, inspiram e transformam, conquistando fãs de todas as gerações.